Conselho de segurança alimentar em Portugal

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Segundo Jornal de Notícias (DN) fez publicar entrevista com Fernando Sarmento, actual e recente nomeado representante da FAO que alertou para falta de coordenação entre os ministérios.

«O novo representante da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) em Portugal considerou ontem prioritária a criação no país de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN) que reúna os atores relevantes na promoção de uma alimentação adequada.

"Portugal não tem [um CNSAN] e eu acho que era importante. Não tem de ser necessariamente um órgão completamente novo, deve construir-se com base no que já existe", referiu Francisco Sarmento, representante da FAO em Portugal e junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Para o responsável, que assumiu funções em dezembro, um órgão como o CNSAN - que já existe em outros países da CPLP, de acordo com a estratégia do bloco na área da segurança alimentar e nutricional - permite "que as diferentes iniciativas que existem nos ministérios da Saúde, da Educação e da Agricultura possam caminhar juntas para resolver os problemas da alimentação".

O governo português já sinalizou, em conversas informais com o responsável da FAO, que dará prioridade à questão. "A necessidade de uma maior coordenação entre setores cuja ação impacta na questão da alimentação é uma prioridade em Portugal", referiu, acrescentando que nem sempre é uma questão de recursos.

"Nós temos um campo muito amplo para trabalhar em Portugal se quisermos, de facto, realizar no país o direito humano à alimentação adequada", acrescentou.

Para o responsável, que já trabalha há anos na FAO, somente através da coordenação alargada, com ministérios, organizações e sociedade civil, será possível tornar as políticas públicas sobre a alimentação que estão a ser implementadas mais eficazes e eficientes.

"Em Portugal, não temos problemas graves de subnutrição como noutros países, mas isso não significa que não tenhamos problemas no sistema alimentar que impactam na saúde das pessoas", o que não é exclusivo de Portugal, disse Sarmento, um português que já viveu em vários países, nomeadamente Brasil e Angola.

Francisco Sarmento afirmou que o direito a alimentação adequada é relativamente recente e os países, em geral, estão ainda a aprender a implementá-lo. Para o responsável da FAO, as pessoas atualmente têm mais dificuldade no acesso a uma alimentação adequada para a sua saúde, seja pelo maior ou menor acesso à informação sobre o assunto, pela oferta que existe no mercado ou devido às suas possibilidades financeiras.

Assim, há uma epidemia "galopante" de excesso de peso, obesidade, diabetes, hipertensão, cancro e que "isso não foi escolha das pessoas", segundo Sarmento. "Eu tenho notado, com as conversas que tive com as autoridades portuguesas, nomeadamente com o Ministério da Agricultura, a clara consciência destes desafios e o desejo de abordar estes problemas de frente e tentar resolvê-los, dentro da margem de manobra que hoje o governo tem no quadro das restrições financeiras que existem."

Francisco Sarmento referiu ainda que em função da recente crise financeira em Portugal, um conjunto de grupos ficaram mais vulneráveis a uma nutrição muito deficiente, ocorrendo ainda alguns casos de subnutrição. "Esses grupos estão particularmente entre aqueles com menor rendimento, mais isolados, com menos capacidade de organização e escolha, como é o caso dos idosos", disse.»

Fonte: DN – Jornal de Notícias 15/01/2017 https://goo.gl/klQ1tw

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